Friday, February 25, 2011

A melhor Copa da história!

Apesar de eu sempre falar da Copa de 2002, do meu super ídolo Ronaldo, que ele é o melhor e etc., tenho que admitir uma coisa: a melhor Copa de todas foi a de 1970. Foi a melhor Copa que o Brasil venceu mas também a melhor da história das Copas do Mundo. E foi o melhor time também. Por que se vocês pensarem bem, o time de 2002 não era tão grande coisa, os torcedores estavam até desacreditados, foi considerado quase que um milagre termos vencido. Mas não o time de 70. Parem pra pensar: Pelé, Rivelino (outro jogador que eu amo de paixão!), o Jairzinho, Gérson, só craque! E é por isso, e por muitos outros motivos que eu escolhi essa Copa do Mundo para ser meu objeto de estudo. Sim, eu estudei a Copa de 70 na minha graduação, na especialização e agora estudarei no mestrado. Então resolvi compartilhar um pouquinho do que eu sei sobre a Copa, espero que vocês gostem!

A campanha da seleção iniciou-se em abril de 1969, quando João Saldanha assumiu como técnico. Saldanha era comentarista esportivo de grande prestígio, tinha pouca experiência como técnico, havia treinado o Botafogo em 1957, quando foi campeão estadual. Saldanha fora ativo militante comunista desde os anos 1940 e ainda guardava forte relação com o PCB, o que deixava toda a ditadura em alerta.

Saldanha teve uma campanha impecável nas eliminatórias da Copa, mas seu sucesso à frente da seleção, em termos de resultados, não escondia os diversos problemas de relacionamento entre os vários integrantes da comissão técnica formada pela CDB, além de rusgas com jogadores, imprensa e outros treinadores.

Saldanha foi demitido em 17 de março de 1969. Ele deu entrevistas afirmando que Médici teria lhe imposto a convocação do atacante Dário e ele teria respondido ‘O senhor escala o seu ministério e eu escalo o meu time’. É comum afirmar que Saldanha teria sido demitido porque se temia que ele chegasse ao México com uma lista de presos políticos no bolso e fizesse um discurso contra o regime militar brasileiro para a imprensa internacional. Mas é difícil isso ter acontecido, pois se isso fosse verdade a ditadura não teria permitido nem que Saldanha assumisse o cargo de técnico da seleção. O fato é que, com ou sem pressão de Médici para a convocação de Dario, a demissão de Saldanha foi tratada claramente como uma ‘intervenção branca do governo federal no escrete'.

Em seu lugar foi colocado um treinador que era considerado "apolítico", que não traria maiores problemas para o governo: Mário Jorge Lobo Zagallo. Campeão da Copa de 1958 e 1962, atuava como ponta esquerda e meio de campo. Ao se aposentar como jogador, tornou-se treinador do Botafogo, Fluminense, Flamengo, Vasco e Portuguesa. Era então um técnico experiente, que a ditadura confiava que fosse trazer o título de tricampeão mundial de futebol.

Com a responsabilidade de representar o Brasil no momento em que o regime militar apostava no sucesso da seleção para afirmar seus projetos de grandeza, a equipe, começou a disputar a Copa em 3 de junho, em Guadalajara, contra a Tchecoslováquia. O resultado de 4 a 1 animou a crônica esportiva brasileira e os políticos, e logo se começou a falar no resgate do “verdadeiro futebol brasileiro” em contraste com os duros esquemas táticos europeus.

Essa também foi uma vitória com os esperados e feitos políticos. A imprensa destacava o triunfo da seleção poderia aliviar os problemas de Médici na sucessão indireta dos governos estaduais. O Presidente Médici realmente capitalizou a conquista a seu favor, chegou a mandar um telegrama à delegação brasileira no qual enviava seu “comovido abraço de torcedor” e elogiava a “demonstração de técnica, serenidade, amadurecimento, inteligência e bravura”.

Já no terceiro jogo, no qual a seleção fez 4 a 2, passando à semifinal, Médici preferiu telefonar pessoalmente à comissão técnica da seleção e mandou cumprimentar os jogadores e lhes dizer que confiava em ‘nossa vitória final’.

A semifinal seria contra o pesadelo uruguaio. O Brasil não enfrentava o Uruguai numa Copa do Mundo desde a final da Copa de 1950. O Brasil venceu, se classificou para a final e levou a torcida brasileira à loucura. Relatos da época contam que, nas comemorações pelas avenidas de São Paulo, quem não estivesse comemorando efusivamente era xingado de ‘uruguaio’ e intimidado a festejar.

Vencer a Copa era uma determinação do presidente, pois ele chegou a afirmar que a decisão seria por 4 a 1 para o Brasil. O Estado de São Paulo até chegou a noticiar “No Palácio do Planalto, não se admite a hipótese de derrota”. E conforme predissera Médici, o Brasil venceu por 4 a 1 a Itália. A taça Jules Rimet, criada em 1929 e batizada com esse nome em 1946, em homenagem ao fundador da FIFA, pertencia definitivamente ao Brasil.

O campeonato mundo de futebol de 1970, é um marco importante por muitos motivos. A febre futebolística dos brasileiros já era algo conhecido, nenhum outro campeonato anterior, entretanto, o que este atingiu em matéria de atenção e participação pública. E o motivo disso é a transmissão ao vivo, via satélite. O que esta Copa nos proporcionou em termos de participação coletiva e de vibração popular foi em grande parte fruto dos milagres da técnica moderna.

Outra conseqüência da conquista no México foi a confirmação da vocação brasileira para cumprir os projetos nacional-desenvolvimentistas, com o objetivo de transformar o Brasil em potência internacional. A imprensa conservadora refletiu isso, ao dizer que a vitória no México provava que, com disciplina, o talento brasileiro florescia.

A disciplina de perfil militar, já exaltada como importante para recolocar o país nos trilhos, foi considerada um pilar do tricampeonato. O próprio preparador físico da seleção de 70, Admildo Chirol, disse que ‘não foi só o preparo físico e técnico’ o responsável pela conquista, ‘mas o comportamento disciplinar perfeito – horários e programas a cumprir com a máxima seriedade’.

Salvador e Soares afirmam que “(...) A imagem que temos da Seleção de 1970, como ‘pura expressão da arte’ do futebol nacional, poderia ser abalada se recup erarmos as vitórias dessa Seleção nos jornais editados durante a trajetória da Seleção na Copa de 1970 (...)”. Pois, os autores constatam que nos jornais daquele ano, existiu algo para além da ‘ginga’, da ‘malandragem’, da ‘malícia’ e do ‘improviso’ no triunfo do tricampeonato. Dessa forma, “(...) O sucesso daquela seleção teve como aliado principal uma equipe técnica altamente qualificada, que realizou e executou um planejamento baseado nos conhecimentos específicos e tecnológicos mais avançados na época (...)”.

Dessa forma, a Copa de 1970 teria se tornado um marco na memória social do futebol, se tornando um ligar de memória para fincar as bases da identidade do futebol brasileiro.

Conseguiram entender a importância dessa Copa?! Sempre que eu puder, vou escrever um pouco mais sobre ela, sobre os jogadores, prometo fazer um post sobre o Pelé! Mas por hoje é só, já escrevi demais até!

Saudações Corinthianas! ;*

Eu com o Pelé no Madame Tussauds, museu de cera em New York.


1 comment:

  1. Nossa não tinha noção que a copa de 70
    tinha, influencias e influenciado, tanto fora
    dos campos!

    Que supeer sua foto com o pelé! =))

    beeijos ;*

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