Friday, March 18, 2011

Rivalidade entre Brasil e Argentina - Parte V

Mais um pouco dos primórdios da nossa rivalidade com a Argentina...

1946: Vingança e pernas quebradas

No dia 20 de dezembro de 1945, em Sao Januario, pela Copa Roca, tivemos a nossa primeira goleada contra os argentinos:6 a 2! Gols de Ademir(2), Heleno, Zizinho, Chico e Leonidas. Essa foi também a maior goleada já registrada pelos brasileiros contra os argentinos.

Mais importante que os gols foi um acontecimento durante o jogo: Ademir Menezes, autor de dois gols, fraturou a perna de um dos zagueiros argentinos, o Batagliero. Mas é claro que foi puro acidente né gente, Ademir jogou limpo. Mas isso não significava nada, los hermanos queriam sua vingança.

Até que chegou a hora. Três meses depois, lá se iam os assustados brasileiros para o Sul-Americano de Buenos Aires. Final contra quem? A Argentina, é claro (mesmo porque se não fosse, não teria a menor graça).

Como medida preventiva, o treinador Flavio Costa achou melhor deixar Ademir na reserva. Na véspera, numa tentativa de melhorar o ambiente, o chefe da delegação, Ciro Aranha, levou Ademir para visitar Batagliero. Deitado na cama com a perna engessada, Batagliero os recebeu bem, mas novamente, para a torcida argentina e para os jogadores isso não significava nada. Tanto que no estadio do River Plate, onde o Brasil se concentrou, um jogador chamado Chico recebeu um conselho de um argentino dizendo que seria melhor não jogar, pois os argentinos matariam os brasileiros.

Só que Chico era um gaúcho valente e brigão, que nascera e se criara em Uruguaiana, na fronteira, ou seja, não levava desaforo pra casa. Ele respondeu com raiva: "Pois vao ter que me matar mesmo!".

Trinta e quatro anos depois, em entrevista a revista Placar, Chico, já um pacato cidadão, afirmou que, em dez partidas contra seleções e clubes da Argentina, tinha sido expulso em nove. Merecidamente, admitiu. E ainda declarou: "Sabe de uma coisa? Minha avó é de lá mas eu odiava os argentinos".

Antes da partida, José Salomon, El Gran Capitan, zagueiro e ídolo da torcida argentina, ofereceu uma cesta de flores ao capitão brasileiro Domingos da Guia no centro do gramado. Mas mesmo assim o clima era de ameaças. Numa encenação montada antes, Batagliero havia desfilado de maca em redor do gramado. Dando a impressao que se dirigia aos jogadores brasileiros, a torcida gritava "Mira! Mira".

Era como se dissessem: "Vejam o que voces fizeram com ele. Daqui a pouco tem troco!" Muitos torcedores, atiçados, gritavam: "Queremos la cabeza de Chico e Procopio!".

Bola rolando, e aos 28 minutos, uma bola fora espirrada na intermediária entre Jair e Salomon. O capitão argentino entrou de carrinho para ganhar a jogada de qualquer modo. Para se defender, Jair virou o rosto e levantou a perna, e o choque foi inevitável, com a perna direita de Salomon destrocando-se na sola da chuteira de Jair. Houve fratura dupla: tibia e peronio. Salomon nunca mais se recuperou.

Vendo que o argentino Fonda vinha em sua direção para acertá-lo, Jair chispa para o vestiario. Chico foi tentar acudi-lo, segura Fonda e acaba sendo derrubado por Strembel pelas costas. De repente, ficou sozinho contra uma multidão de argentinos, soldados e jogadores. Levou pontapés, socos e, com as mãos na cabeça, defendeu-se com bravura dos golpes de sabre.

Por alguns minutos, ele viu a morte de perto. Sua sorte foi que um árbitro careca, forte e corajoso, agente da Polícia Especial do Rio de Janeiro, chamado Mário Viana invadiu o campo e abriu caminho entre os cavalos, os soldados e os jogadores argentinos. Ele nunca soube ao certo como conseguiu carregar Chico e levá-lo a salvo até o vestiário.

A noite do desespero ainda não tinha terminado. Aproveitando-se da confusão, umas 500 pessoas pularam para o campo. A policia atirou bombas de gás, mas só a muito custo elas saíram de lá.

O Brasil, que estava trancado no vestiário, não pretendia voltar. Mas o chefe do policiamento do estádio advertiu que, nesse caso, não garantiria a segurança de ninguém (juro que não entendi o porquê!). Lentamente os jogadores foram para o túnel. Chico ficou - além de ter apanhado, estava expulso, juntamente com De La Mata. Zizinho tambem havia sido expulso e foi substituído por Ademir.

Recomeçado o jogo, mal Ademir tocou na bola, levou um soco na nuca que o deixou zonzo. Ademir e ninguém do resto do time brasileiro jogou futebol.

A Argentina fez o que quis e só não marcou mais de dois gols porque não quiz. Os 2 a 0 lhe serviram para garantir o título de campeã sul-americana. E o Brasil se conformou, consciente de que tentar uma vitória equivaleria a praticar um suícidio. Há quem jure que, pelo menos em um dos gols a zaga facilitou. Alguns jogadores, inclusive, chegaram a comentar isso, logo depois que o hidroavião da Panair deixou afinal para trás o Rio da Prata e suas duras lembranças.

De subito alguem se lembrou: E o Chico?

Chico, que queria aproveitar a viagem para visitar a família, sacolejava num trem para Uruguaiana, resmungando de dor. Para evitar o pior, 12 soldados armados o escoltaram até a fronteira, onde os gaúchos o receberam como um herói de guerra.


Essa foi BEM feia! Tudo o que eu leio sobre a história do futebol sul-americano comenta sobre esse acontecimento...
Essa foi a última história que eu vou postar, talvez eu coloque mais um resuminho de algumas partidas históricas entre as duas seleções, vou pensar ainda huaauhau
E aí, gostaram?!
Achei um vídeo de um sociólogo falando sobre a rivalidade entre os dois países. Queria mesmo um historiador, mas quem mais estuda futebol é sociólogo msm (eu por exemplo sou a única que estuda isso no programa de mestrado na UEL, mas enfim...)



E uma propaganda do Mastercard Argentino, mto boa huauahauha



Por hoje tá bom né?!
Saudações corinthianas! ;*

2 comments:

  1. haushauhsuhauhsuha, muito boa a propaganda! \o
    adoro propagandas criativaaaass!
    do risada sozinhaa! ahahaha

    genteee,
    essa rivalidade separando laços familiares
    hahhahahhaha, não dá pra acreditar que o tal
    chico tinha uma vó argentina e odiava os
    argentinos hahahaha, palhaçadaaa!

    ;*

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  2. pois é! imagina se nós deixássemos que esse sentimento de rivalidade (e ódio) entre os dois países nos impedisse de nos relacionarmos com os argentinos?! hauuahuahuahaah
    ainda bem que não somos assim! huauahauhauha
    ;*

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